Johann Kaspar Lavater
Os espíritas são numerosos em São Petersburgo, e entre eles há homens sérios muito esclarecidos, que compreendem o objetivo e o alto alcance humanitário da doutrina. Um deles, que não tínhamos a honra de conhecer, houve por bem mandar-nos um documento, tanto mais precioso para a história do Espiritismo, quanto era desconhecido e toca nas mais altas regiões sociais. Eis o que diz o nosso honrado correspondente, na carta de remessa:
“A biblioteca imperial de São Petersburgo publicou, em 1858, num pequeno número de exemplares, uma coletânea de cartas inéditas do célebre fisionomista Lavater. Essas cartas, até agora desconhecidas na Alemanha, foram dirigidas à Imperatriz Maria da Rússia, esposa de Paulo I e avó do imperador reinante. A leitura dessas cartas me chocou pelas ideias filosóficas eminentemente espíritas que encerram, sobre as relações que existem entre o mundo visível e o mundo invisível, a mediunidade intuitiva e a influência dos fluidos que a produzem.
“Presumindo que essas cartas, provavelmente desconhecidas na França, poderiam interessar aos espíritas esclarecidos desse país, mostrando-lhes que suas convicções eram partilhadas pelo eminente filósofo suíço e duas cabeças coroadas, tomo a liberdade, senhor, de vos remeter anexa a tradução exata quase literal dessas cartas, que talvez julgueis oportuno inserir na vossa sábia e tão interessante publicação mensal.
“Aproveito a ocasião, senhor, para vos exprimir os sentimentos de minha profunda e perfeita estima, partilhada pelos espíritas sinceros de todos os países, que sabem dignamente apreciar os serviços eminentes que vosso zelo infatigável prestou ao desenvolvimento científico e à propagação da sublime e tão consoladora Doutrina Espírita. Esta terceira revelação terá como consequência a regeneração, o progresso moral e a consolidação da fé na pobre Humanidade, infelizmente desencaminhada, e que flutua entre a dúvida e a indiferença em matéria de religião e de moral.”
W. de F.
Fonte: Revista Espírita, Ano XI, vol. 3, Março de 1868